Reutilização da Água de Esgoto : Uma Alternativa Sustentável para o Consumo Humano

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Helaine Dalboni

Engenheira Civil

Especialista em Meio Ambiente e Saneamento Ambiental Aplicado e

Análise de Risco e Recuperação de Área Degradada 10-03-2024


A reutilização da água de esgoto, após o devido tratamento, será uma prática crucial para enfrentarmos a escassez de recursos hídricos e os custos, provenientes de captações das águas brutas em mananciais cada vez mais distantes dos centros urbanos, promovendo assim a sustentabilidade. Neste artigo, exploraremos como é possível tornar a água de esgoto, potável , reintegrando ao ciclo de consumo seguro novamente para o ser humano. Estaremos enfatizando todos os parâmetros da análise dentro da legislação Brasileira vigente.

Definição de Reuso da Água

O reuso da água envolve o tratamento e a reciclagem das águas residuais, transformando em uma fonte viável para a utilização em diversos fins. Existem diferentes níveis de reuso, e um deles é a reutilização da água proveniente do tratamento de esgotos, para fins não potáveis, como irrigação, limpeza de ruas e a umidificação das estradas de terra batida. É esperado,  pensando em sustentabilidade e economia, que essa água residuária , após um tratamento adequado , possa ser integrada novamente ao ciclo de utilização da  água potável,  própria para o consumo humano. 

Processo de Tratamento de Águas Residuárias   “Conforme Von Sperling (2009), os tratamentos de esgotos passam pelas seguintes etapas , tratamento preliminar, tratamento primário, secundário e terciário, sendo essa última etapa composta por processos físicos e químicos, como por exemplo, os processos de coagulação, floculação, decantação, filtração, adsorção por carvão e osmose reversa”. Dentro destes processos de tratamentos, existem ainda as classificações  dos tratamentos simplificados , convencionais e dos tratamentos avançados, conforme apresentado abaixo:

1 – Tratamento Simplificado:  O tratamento de esgoto dentro da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), passa pelos processos de tratamento com Filtração em Areia, Gradeamento , Lagoa de Maturação, Wetland, e a  Decantação;

2 – Tratamento Convencional:  O esgoto dentro da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) , passa por um processo de tratamento , que inclui etapas como, Tratamento Preliminar com gradeamento e caixa de areia,  Reator Anaeróbio ou Aeróbio , Digestão Bacteriana ,  Filtro Biológico , Tanque Séptico, e a Desinfeção  com o Ultra Violeta;

3 – Tratamento Avançado: O tratamento de esgoto dentro da ETE, passa pelos processos de Tratamento em Carvão Ativado; Sistema de Aeração , Separação por Membranas  como Microfiltração, Ultrafiltração, Nanofiltração ou Osmose , Destilação e Precipitação.

A Norma Brasileira , NBR 13969 , aborda a  reutilização das águas residuárias ,  inclusive com a definição de classes de água de reuso e indicação de padrões de qualidade, que descreve as unidades de pós-tratamento e sugere alternativas de disposição final de efluentes líquidos, citando abaixo.

 “Diante da escassez dos recursos hídricos facilmente exploráveis, o atendimento da população das áreas urbanas com água potável em abundância está sendo tarefa cada vez mais difícil de ser cumprida. Com a crescente pressão demográfica, uma das alternativas para contornar este problema é, sem dúvida, o reuso de esgoto, sendo esta a política que deve ser seguida tanto no setor produtivo, para o qual prevê-se sensível elevação do custo de água no futuro próximo, quanto pela população em geral. Com um bom planejamento, pode-se obter, não raras vezes, uma redução de até 50% no volume de esgoto. O benefício de redução do volume de esgoto se estende a todas as alternativas técnicas de tratamento, mais especialmente nos casos de sistemas de disposição final por valas de infiltração, sumidouros e canteiros de evapotranspiração. É igualmente importante que sejam avaliados padrões de emissão estabelecidos nas leis, necessidade de proteção do manancial hídrico da área circunvizinha, disponibilidade da água etc., para seleção das alternativas que compõem o sistema local de tratamento de esgotos. As mesmas observações relativas ao consumo de água valem para determinados poluentes, cuja tecnologia para sua remoção ainda é onerosa (por exemplo: fósforo). A substituição de determinados produtos (detergentes) por outros que contenham menor teor daquela substância tem mais eficácia em evitar a poluição do que operar um sistema complexo para sua remoção e reduz o custo de tratamento. Também constam informações acerca de temperaturas médias e índices pluviométricos das regiões do Brasil, de modo que o usuário possa obter noções rápidas sobre aqueles dados, uma vez que diversos processos são afetados pelos fatores climáticos. No entanto, para locais mais críticos, tais como a região sul, o usuário deve obter informações mais detalhadas da área onde se pretende implantar o sistema, de modo a assegurar o seu funcionamento adequado. A aplicação correta desta Norma constitui uma alternativa paralela e confiável ao sistema convencional de saneamento, e contribui para a evolução do saneamento básico e proteção ao nosso meio ambiente” .

Para atender aos parâmetros de lançamento no corpo hidrico receptor , os efluentes devem  estar enquadrados dentro dos parâmetros fixados na legislação federal, estadual ou municipal, outra maneira de avaliar estes parâmetros , é conforme as seguintes classificações, da tabela 1, presente na NBR 13969, que apresenta as classes abaixo:

Classe a: na represa destinada ao abastecimento público, ou nos rios formadores da represa até 10 km a montante dela, independente da distância do ponto de captação e do volume de reservação da represa;

Classe b: nos corpos receptores com captação a jusante para abastecimento público;

Classe c: nas águas litorâneas, praias e nos rios que desaguam nas praias freqüentadas pelas pessoas para recreação;

Classe d: nos demais corpos receptores.

Tabela 1 – Parâmetros e seus valores limites do efluente tratado nas águas superficiais de acordo com as classesde lançamento

Fonte: Esta tabela faz parte da NBR 13969/1997, disponível na página 21.

Além dos Parâmetros e seus valores limites do efluente apos o tratamento, existe ainda a analise dos Parâmetros Nacionais  Brasileiro de verificação da água potavél própria para o consumo humano, do CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, nº357 / 2005 ,  ART.14 da  resolução, as Águas Doces , para dessedentação humana e animal , que devem ser apresentadas com as seguintes condições de qualidade de água :

a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido;

b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2;

i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2;

j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);

l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L;

m) pH: 6,0 a 9,0. Segue abaixo a tabela 2 , com os Padrões de Qualidade das Águas

Tabela 2 – Padrões de qualidade das Águas Doces

tabela-post-04.png

Fonte: Esta tabela faz parte do capítulo III, Das Condições e Padrões de Qualidade das Águas, conforme resolução CONAMA , nº 357, de 2005, disponível na página 07.

Conclusão da Utilização do Reuso da Água

A reutilização da água proveniente do tratamento de esgotos, para a  irrigação, agricultura, limpeza de calçadas e ruas, a umidificação das estradas de terra batida, e para a dessedentação humana, deve ser avaliada, considerando o devido tratamento para a  eliminação de todos os contaminantes,  e dos patógenos  , a tornando própria para ser utilizada em cada finalidade.

Bibliografia  de referência : Von Sperling, Marcos . Principios Básicos do Tratamento de Esgotos . Belo Horizonte : Editora UFMG, Ano 2006 . Livro 6º edição .

Resolução  nº 357,CONAMA , de 17 de Março de 2005 Publicada no DOU nº 053, de 18/03/2005, págs. 58-63.

Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT , NBR 13969-1997 , Tanques sépticos – Unidades de         tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação .

Cidades Inteligentes

A Live , apresenta um debate com avaliações e apresentações sobre o significado e importância das cidades Inteligentes , com ênfase em Saneamento e conservação

Leia Mais...